sábado, 28 de março de 2009

Eu não consigo ser feliz de manhã


Eu não consigo ser feliz de manhã. Esta é uma frase com a qual meus amigos mais próximos estão bastante familiarizados.

Definitivamente eu sou uma pessoa com grande dificuldade em me sociabilizar no período matutino, ou melhor, logo após acordar (seja em que horário for).

Quando eu acordo, na maioria das vezes, acho que sinto uma preguiça imensa de 'voltar pro mundo real', conversar, sorrir, ser gentil.

Obviamente isso se traduz em uma série de desdobramentos problemáticos nos meus relacionamentos - afetivo, de trabalho, familiar.

Com o tempo as pessoas passam a se acostumar. Forçosamente, entendem que isso não esta ligado a nada que tenham feito ou que esteja acontecendo. Geralmente funciona bem quando passam a me ignorar (neste estado de espírito a indiferença é o melhor remédio), mas ás vezes se chateiam (com razão).

Por conta disso, já despendi um grande tempo na vida (e continuo despendendo) tentando entender as raízes deste mal.

Infelizmente ainda não consegui concluir muita coisa.
Mesmo assim, gostaria de pedir desculpas a meus amigos queridos por terem que conviver com esta minha 'disfunção', inclusive conseguindo algumas vezes rir dos efeitos dela.

Na verdade preciso confessar que o meu mau humor vai além, invadindo muitas situações do meu cotidiano. Exemplos:

1) Nos momentos em que chego em algum lugar muito cedo (sempre com uma coca-cola na mão).
Meus olhos têm aquela expressão típica de desdém pela existência de vida na face da terra, pois não consigo 'trocar idéia', muito menos esboçar qualquer tipo de reação positiva não importando qual seja a relevância de qualquer fato ao meu redor.
Geralmente isto é uma expressão resultante de obrigações matutinas envolvendo mais de 10 pessoas, a fim de 'discutir' assuntos variados.
Após alguns minutos deste olhar, quando meus músculos oculares começam a doer eu começo a disparar comentários ácidos, irônicos ou cínicos - tão dispensáveis quanto a maioria dos que são feitos neste tipo de evento.
Ex: Aulas (época de faculdade) e reuniões.

2) Quando vou a algum lugar que não faria muita questão de ir e este encontra-se LOTADO. Isso se traduz num imenso desprezo pela falta de criatividade das pessoas e na total aversão a qualquer tipo de contato: visual, auditivo e principalmente físico. Num sentimento que se traduz na frase 'odeio seres humanos'. Ex: Traço de união

3) Quando minha mãe me liga 578 mil vezes num mesmo dia, sempre perguntando as mesmas coisas e ignorando a frase "não posso falar agora". E principalmente quando ela finaliza dizendo que eu "preciso tomar algum remédio para mau humor, que terapia não adianta pois isto é uma disfunção química e precisa de um tratamento psiquiátrico" - sentença que comumente recebe a réplica "meu problema é você". Ex: Todos os dias da minha vida.

4) Quando tenho vontade de fazer algum programa com alguém e a pessoa em questão não pode pois a vida dela tem outras atividades além de fazer tudo que eu quero/gosto e ficar comigo. Estes são momentos em que me sinto o último ser humano da face da terra por alguns minutos e depois passo a me sentir a pessoa mais ridícula, mimada e imatura da mesma face da terra pelo resto do dia.
Ex: Quando meu namorado ou alguma amiga estão cansados, trabalhando, estudando ou fazendo qualquer outra coisa.

Enfim... Agradeço de coração a todos vocês que já suportaram algum surto meu e que sobreviveram à imensa vontade de me calar com as mãos.








quarta-feira, 25 de março de 2009


“Ogni fantasma, ogni creatura d’arte, per essere, deve avere il suo dramma, cioè un dramma di cui esso sia personaggio e per cui è personaggio. Il dramma è la ragion d’essere del personaggio; è la sua funzione vitale: necessaria per esistere.”

"Todo o fantasma, toda a criatura de arte, para existir, deve ter o seu drama, ou seja, um drama do qual seja personagem e pelo qual é personagem. O drama é a razão de ser do personagem; é a sua função vital: necessária para a sua existência."

Luigi Pirandello